A Vigilante do Amanhã final do filme explicado e tudo o que acontece
A Vigilante do Amanhã se envolveu em polêmicas em seu lançamento, e um dos problemas apontados foi o seu final. Eis o desfecho explicado.
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O filme A Vigilante do Amanhã (Ghost in the Shell), lançado em 2017, gerou polêmicas e discussões desde o anúncio de seu elenco, principalmente devido à escolha de Scarlett Johansson para interpretar a personagem Motoko Kusanagi, originalmente japonesa.
Além da questão do whitewashing, o filme foi criticado por se distanciar significativamente da obra original, tanto no enredo quanto nos temas centrais. O final do filme, em particular, reflete essas mudanças e oferece uma conclusão que diverge profundamente do material de origem.
O Final do Filme: A Descoberta da Identidade de Major
No filme, a protagonista, conhecida como Major Mira Killian (interpretada por Scarlett Johansson), é uma ciborgue criada pela corporação Hanka Robotics. Ao longo da trama, ela descobre que sua identidade foi construída sobre mentiras.
Originalmente, ela era Motoko Kusanagi, uma jovem japonesa que vivia na “Zona Sem Lei” e era contra a tecnologia. Após ser capturada pela Hanka Robotics, seu cérebro foi transplantado para um corpo cibernético sem seu consentimento, e suas memórias foram suprimidas.
No clímax do filme, Major descobre a verdade sobre seu passado ao encontrar sua mãe biológica, que acreditava que Motoko havia fugido de casa e desaparecido.
Essa revelação é um momento emocionalmente carregado, no qual Major reconecta-se com sua humanidade e começa a reconstruir sua identidade. Ela confronta os líderes da Hanka Robotics, incluindo o CEO Cutter, que vê Major como uma arma descartável.
Em um ato de rebeldia e autodeterminação, Major escolhe se unir a seus colegas da Seção 9, rejeitando o controle da corporação e afirmando sua própria agência.
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Diferenças em Relação ao Original
O final de A Vigilante do Amanhã contrasta fortemente com o do filme animado de 1995, que é considerado uma obra-prima do cyberpunk. No original, Motoko Kusanagi é uma personagem cuja humanidade já é questionável desde o início.
Ela possui um corpo totalmente cibernético, com exceção de seu cérebro e parte de sua coluna vertebral. A trama original não se concentra em descobrir seu passado, mas sim em explorar sua identidade como um ser que transcende as definições tradicionais de humano e máquina.
No filme animado, Motoko funde-se com um programa de inteligência artificial chamado Projeto 2501, criando uma nova forma de consciência. Esse ato simboliza a evolução da humanidade e a dissolução das fronteiras entre o orgânico e o artificial.
Em contraste, o filme live-action opta por uma narrativa mais convencional, focada na descoberta do passado e na reafirmação da identidade humana de Major. Essa mudança foi criticada por muitos fãs, que consideram que o filme perdeu a profundidade filosófica e a complexidade temática do original.
A Crítica ao Whitewashing e à Narrativa
Além das diferenças narrativas, o filme foi amplamente criticado por sua decisão de escalar Scarlett Johansson para interpretar uma personagem originalmente japonesa.
Essa escolha gerou acusações de whitewashing e levantou questões sobre a representação cultural em Hollywood. Apesar das tentativas de justificar a mudança no enredo (como a explicação de que Major era uma “casca” cibernética que poderia assumir qualquer aparência), muitos argumentaram que a decisão reforçou a marginalização de atores asiáticos em papéis principais.
O final do filme, que tenta reconciliar a identidade japonesa de Motoko com a personagem interpretada por Johansson, foi visto por alguns como uma tentativa de corrigir o erro de whitewashing.
No entanto, para muitos críticos e fãs, essa solução foi insuficiente e pouco convincente, já que o problema central permaneceu: a falta de autenticidade e respeito pela cultura japonesa que inspirou a obra original.
O final de A Vigilante do Amanhã
O final de A Vigilante do Amanhã reflete as escolhas controversas que marcaram a produção do filme. Ao optar por uma narrativa mais centrada na descoberta do passado e na reafirmação da identidade humana, o filme se afastou dos temas filosóficos e existenciais que tornaram o original tão impactante.
Além disso, a polêmica do whitewashing e a falta de fidelidade ao material de origem contribuíram para a recepção mista do filme.
Enquanto o filme live-action pode ser apreciado por suas sequências de ação impressionantes e sua estética visual deslumbrante, ele falha em capturar a essência do Ghost in the Shell original.
Para os fãs da obra de Masamune Shirow, o final de A Vigilante do Amanhã serve como um lembrete das complexidades e desafios envolvidos na adaptação de uma história tão icônica e profundamente enraizada em sua cultura de origem.