Como o VHS mudou a história do cinema?

Nos anos setenta e oitenta, o cenário do cinema em Hollywood estava prestes a transformar-se de maneiras que poucos poderiam prever.

cinema vhs

Nos anos setenta e oitenta, o cenário do entretenimento em Hollywood estava prestes a transformar-se de maneiras que poucos poderiam prever.

Com a introdução do sistema de gravação Betamax pela Sony, e posteriormente pelo sistema VHS da JVC, os estúdios de Hollywood, temendo a pirataria e a perda de receita, lançaram-se em uma batalha legal contra a Sony. No entanto, o que começou como uma guerra contra a nova tecnologia acabou por se revelar uma das maiores revoluções no consumo de mídia.

O confronto judicial culminou em uma decisão histórica da Suprema Corte dos EUA em 1984, no caso “Sony Corp. of America v. Universal City Studios, Inc.”, que acabou favorecendo a Sony. Esta decisão não apenas solidificou o mercado de gravação doméstica, mas também pavimentou o caminho para o florescimento do mercado de videocassetes. Mas qual o impacto no cinema?

Quando o cinema tinha medo do VHS

O medo inicial dos estúdios de que o VHS poderia destruir a indústria cinematográfica provou ser infundado. Ao contrário, o VHS contribuiu significativamente para os lucros dos estúdios, alimentando o surgimento de lojas de aluguel e a cultura de colecionar filmes.

Este novo formato permitiu que os consumidores gravassem programas de TV e filmes, proporcionando uma maneira de assistir conteúdo no conforto de casa, conforme sua conveniência.

Na época, figuras influentes como Jack Valenti, chefe da Motion Picture Association of America, compararam o videocassete ao “Estrangulador de Boston”, prevendo erroneamente que seria o fim dos produtores de filmes americanos. No entanto, a realidade foi que o VHS abriu novos mercados e oportunidades de receita para os estúdios através de aluguéis e vendas diretas ao consumidor, não prejudicando o cinema.

Além disso, a decisão da Suprema Corte também abordou a questão do “time shifting”, termo usado para descrever a gravação de programas para visualização posterior, uma prática que se mostrou não prejudicar a rentabilidade dos shows e filmes licenciados.

Com isso, mesmo programas de nicho e filmes que não tiveram sucesso nos cinemas encontraram uma nova vida no mercado de home video, muitas vezes alcançando o status de “clássicos de culto” e recuperando seus orçamentos através de vendas diretas.

VHS mudou a forma de contato com outras mídias

A aceitação e a integração do VHS na cultura popular também mudou a maneira como a mídia era percebida e consumida. A ideia de colecionar filmes e ter uma biblioteca de mídia em casa tornou-se mainstream, e mesmo após a era dos videocassetes, o legado da conveniência e acessibilidade que eles introduziram continuou a influenciar as práticas de consumo de mídia.

Ao olharmos para trás, para a batalha entre os estúdios de Hollywood e as inovações tecnológicas como o VHS, vemos não apenas uma disputa sobre direitos autorais, mas um ponto de inflexão que definiu a trajetória futura da indústria do entretenimento.

Por fim, hoje, com o estado precário dos direitos de propriedade de mídia digital, podemos apreciar plenamente como essa revolução veio no momento certo, beneficiando tanto os consumidores quanto os criadores de conteúdo.

Sobre o autor

A. Cunha

Fã incondicional de samurais e Star Wars, franquia que já assistiu tudo que foi produzido até então. Adora ver diferentes estilos de filmes e séries, sobretudo as que fazem rir e refletir.