Os Quatro da Candelária | Onde estão os sobreviventes?

Os Quatro da Candelária ilustra, através da ficção, um dos momentos mais trágicos da história recente do Brasil.

Os Quatro da Candelária

Os Quatro da Candelária estreou em novembro e mergulha na realidade do Massacre da Candelária, ocorrido em 1993, no Rio de Janeiro. A produção explora a luta pela sobrevivência de jovens em situação de rua que foram brutalmente afetados por essa noite de violência.

Os Quatro da Candelária acompanha os últimos dias de quatro personagens fictícios — Douglas, Sete, Jesus e Pipoca — que representam as dezenas de jovens que perambulavam pelas ruas do Rio de Janeiro em busca de refúgio e oportunidades.

Ficção para ilustrar a realidade em Os Quatro da Candelária

Embora esses personagens não sejam reais, eles foram criados com base em testemunhos de sobreviventes do massacre, trazendo uma carga de veracidade e sensibilidade ao roteiro. Ao longo dos quatro episódios, o espectador é levado a um cenário de sonhos interrompidos, violência sistêmica e esperança quase inexistente.

Na fatídica noite de 23 de julho de 1993, oito jovens em situação de rua foram assassinados nos arredores da Igreja da Candelária, no centro do Rio de Janeiro. Dentre as vítimas, seis eram menores de idade.

As investigações apontaram para a participação de policiais militares, e a tragédia se tornou símbolo de um sistema que falha em proteger os mais vulneráveis. A série busca, não apenas contar essa história para aqueles que já conhecem o ocorrido, mas também apresentá-la a novas audiências, especialmente no exterior, onde a dimensão do massacre é desconhecida por muitos.

Sobreviventes e a luta por justiça

A série é marcada pelo compromisso com a memória das vítimas, mas também com os sobreviventes que carregam as cicatrizes, físicas e emocionais, dessa noite terrível.

Entre eles está Wagner dos Santos, um dos poucos que conseguiu escapar com vida, mesmo após ser atingido por quatro tiros. Wagner foi peça-chave na denúncia dos envolvidos no crime, mas pagou um preço alto: sofreu outro atentado e foi forçado a se exilar na Suíça.

Atualmente, vive com sérios problemas de saúde decorrentes dos ferimentos, recebendo apoio financeiro mínimo do governo brasileiro, algo que ele e sua família consideram insuficiente e desrespeitoso.

Infelizmente, dos 70 jovens que dormiam próximos à Candelária naquela noite, cerca de 44 morreram em decorrência de violência urbana nos anos seguintes. Casos como o de Sandro Barbosa do Nascimento, morto pela polícia após sequestrar um ônibus, e Elizabeth Cristina de Oliveira Maia, assassinada por traficantes em 2000, reforçam a complexidade e a tragédia contínua enfrentada por esses sobreviventes.

Sobre o autor

Matheus Pereira

Matheus Pereira é Jornalista e mora em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Depois de quase seguir carreira na Arquitetura, enveredou para o campo da Comunicação, pelo qual sempre nutriu grande paixão. Escritor assíduo na época dos blogs, Matheus desenvolveu seus textos e conhecimentos em Cinema e TV numa experiência que já soma quase 15 anos. Sempre versando pelo senso crítico e pela riqueza da informação, já cobriu eventos, acompanha premiações, as notícias mais quentes e joga luz em nomes e produções que muitas vezes estão fora dos grandes holofotes. Além disso, trabalha há mais de dez anos no campo da comunicação e marketing educacional, sendo assessor de imprensa e publicidade em grandes escolas e instituições de ensino. Assim, se divide entre dois pilares que representam a sua carreira: de um lado, a educação; de outro, as séries de TV e o Cinema.