Sob o Mesmo Céu | A história real e polêmicas por trás do filme
Sob o Mesmo Céu é um filme que está na NETFLIX do Brasil, mas o que os fãs não sabem são as histórias por trás dos bastidores.
Quando Sob o Mesmo Céu (Aloha, no original) estreou nos cinemas em 2015, ele prometia ser uma daquelas comédias românticas leves, com um cenário paradisíaco no Havaí e um elenco estrelado, incluindo Emma Stone, Bradley Cooper e Rachel McAdams. O diretor Cameron Crowe, conhecido por sucessos como Quase Famosos e Jerry Maguire, tinha tudo para fazer mais um hit. Mas a recepção foi muito diferente do que se esperava. Além de críticas à trama, que muitos consideraram confusa, o filme caiu em uma polêmica de whitewashing que ofuscou ainda mais a produção.
O enredo e a escolha de elenco que gerou polêmica
No filme, acompanhamos Brian Gilcrest (Bradley Cooper), um ex-contratado militar que volta ao Havaí para negociar a construção de um centro espacial. Enquanto enfrenta desafios profissionais, ele também lida com questões pessoais, incluindo um reencontro com uma antiga paixão (Rachel McAdams) e o início de um novo relacionamento com sua “liaison” militar, Allison Ng, interpretada por Emma Stone.
E é justamente a escolha de Emma Stone para o papel de Allison Ng que acendeu a chama da polêmica. De acordo com o roteiro, a personagem de Ng deveria ser de ascendência havaiana e chinesa, algo que não se reflete em Stone, uma atriz branca sem essas heranças culturais. Para muitos, essa decisão exemplificou o problema do whitewashing em Hollywood, onde atores brancos são escalados para interpretar personagens de outras etnias, tirando oportunidades de atores de minorias.
Quem é Allison Ng na vida real?
Em sua defesa, o diretor Cameron Crowe afirmou que a personagem de Allison Ng foi inspirada em uma pessoa real: uma moradora havaiana, ruiva e com ascendência chinesa e havaiana. Segundo ele, a intenção era justamente capturar a “ambiguidade racial” dessa mulher, que, apesar de suas raízes, não possuía os traços físicos tradicionalmente associados a essas etnias. Porém, essa complexidade não foi bem traduzida no filme, e a escolha de escalar Emma Stone para o papel acabou sendo vista como uma grande falha de representatividade.
Whitewashing: o grande vilão de Hollywood
A prática de whitewashing tem sido um problema recorrente em Hollywood, e Sob o Mesmo Céu virou um símbolo de como a falta de diversidade nas produções pode prejudicar filmes e afastar o público. Quando personagens de etnias específicas são interpretados por atores brancos, apaga-se parte da autenticidade e da riqueza cultural que poderiam ser trazidas à história. Em um momento onde se discute tanto a necessidade de representatividade na indústria do entretenimento, esse tipo de escolha só reforça a exclusão de atores de minorias.
O filme se tornou um dos exemplos mais citados de whitewashing nos últimos anos, com a própria atriz Sandra Oh ironizando o fato em sua piada no Globo de Ouro de 2019, dizendo que Crazy Rich Asians foi “o primeiro filme de Hollywood com um protagonista asiático desde Ghost in the Shell e Aloha“.
As desculpas de Cameron Crowe e Emma Stone sobre Sob o Mesmo Céu
Diante da reação negativa, tanto Cameron Crowe quanto Emma Stone se manifestaram publicamente. Crowe pediu desculpas pela escolha do elenco, mas defendeu sua intenção original de explorar a complexidade racial da personagem. Já Stone foi além e expressou decepção consigo mesma por aceitar o papel, reconhecendo que a questão do whitewashing é algo que precisa ter um combate na indústria.
Desde então, Stone tem se mostrado uma defensora da diversidade e da inclusão no cinema, refletindo sobre o erro e buscando utilizar sua plataforma para conscientizar sobre a importância de escalar atores adequados para cada papel.
O fracasso comercial e as lições para o futuro
Além da controvérsia, Sob o Mesmo Céu também não se saiu bem nas bilheterias. Com um orçamento estimado entre US$ 37 e US$ 52 milhões, o filme arrecadou apenas US$ 26 milhões mundialmente. A recepção da crítica também foi desastrosa, com o filme recebendo apenas 20% de aprovação no Rotten Tomatoes, em grande parte devido ao enredo inconsistente e às questões de casting.
A polêmica em torno do whitewashing e o fracasso comercial de Sob o Mesmo Céu ajudaram a reforçar a necessidade de mudanças na indústria cinematográfica. Nos últimos anos, vimos um movimento crescente em busca de mais diversidade e representatividade nas telas, com produções que respeitam e celebram as diferentes culturas, ao invés de apagá-las.
Embora o filme não estouro, ele deixou uma marca importante ao evidenciar os desafios e problemas que ainda precisam ter confrontos em Hollywood. O debate sobre whitewashing continua, e a indústria segue evoluindo na tentativa de refletir, de maneira mais autêntica, a diversidade do mundo em suas produções.
Sob o Mesmo Céu pode não ter deixado o legado que Cameron Crowe esperava, mas certamente acendeu uma discussão relevante e necessária para o futuro do cinema.